Penso que estive num futuro distante…

Durante parte imprecisa de uma noite calorenta, sonhei com lugares maravilhosos, praticamente irreais. Estavam incrustados numa metrópole com traçado inimaginável no mundo atual. A cidade em questão exibia prédios dotados de arquitetura futurista, algo incompreensivo aos meus olhos leigos, apesar de deslumbrados.

Fui quedado por encantamento sedutor ao presenciar tantas belezas, apenas estranhando o silêncio geral. Ninguém conversava?

Também os prédios, detalhe curioso, não chegavam a ser excessivamente altos, imóveis de oito a 10 andares, no máximo. Uma robusta dimensão lateral substituía a comum imponência vertical das gigantescas capitais; prédios ‘superdotados’.

Outra coisa: todos os prédios possuíam garagens sem porta na parte frontal, andar por andar. Cadê os elevadores? Esquisito aquilo…

Na sequência, pasmado por vivenciar experiência tão inusitada, presenciei luzes saindo dessas garagens. Em segundos empreenderam voos lancinantes, impossíveis de captação regular por parte das retinas humanas: tudo rápido demais.

Tentei firmar máxima atenção nesse disperso itinerário cintilante, mas as luzes se desintegraram magicamente em pontos dispersos do firmamento. Carros voadores jamais seriam tão eficientes…

Preocupei-me, ainda, ao pensar que crianças e idosos poderiam despencar daquelas garagens ‘aéreas’ ao sair em passos inadvertidos, estatelando-se no piso metálico abaixo. O asfalto deixou de ser empregado em obras similares?

Chequei o tal piso, concluindo ser mesmo de aço, ou algo parecido. Presumi ser resistente; mesmo porque, pelo visto, veículos terrestres foram abolidos. Não vi nenhum nos lugares que visitei nesse longo sonho. Não que tenha percebido…

Congestionamento de outra dimensão? Movimentos não perceptíveis de mundos paralelos? Difícil saber…

Antes de mais nada, devo sublinhar que meu conhecimento do complexo mundo subconsciente não permitiu análise mais detalhada sobre situações adversas. Lucidamente, eu vivenciava transe realístico.

Daí que suspeitei de estar fazendo turismo em mundos paralelos, não processando conclusivamente a profusão de atividades desconexas às que então conhecia. O imaginário toldou formato de concreta realidade passageira.

Se isso foi uma viagem astral, segundo desconfiei ao acordar, admito ter sido interessantíssima em vários aspectos. Primeiro, pela ausência de qualquer tipo de violência, substituída por fraterno convívio das pessoas. Aliás, a maioria delas apresentava cabelos brancos, brilhantes, vestindo-se informalmente de branco. Não vi ninguém ostentando trajes de outra cor.

Senti-me efetivamente à vontade ao curtir pontos magníficos de uma cidade que deve existir em algum lugar atualmente, ou quem sabe no futuro…

Ignoro, devo frisar, o tempo exato desse sonho, apesar de ter impresso sensação duradoura.  Especialistas da área dizem que sonhos acontecem em segundos; só não percebemos tal celeridade.

No geral, explicam que sonhos têm por propósito descarregar a mente de sobrecarga emocional. Nesse ponto concordo, mas relembro dos meus anfitriões educados, rostos mais ou menos familiares, porém envelhecidos drasticamente.

Da sacada da casa onde presumivelmente estive hospedado, presenciei um oceano sem ondas ao longe, ladeado por legião dos ditos prédios achatados. E mais luzes saindo dos andares…

FIM

*HÃO de comentar que acharam o texto acima nada plausível, sem conteúdo, com final decepcionante. Sonhos não se explicam racionalmente, tampouco têm início, meio e fim. Fiz somente uma descrição do que consegui anotar ao acordar. As indagações vão ficar sem resposta, acredito…

Por João Carlos de Queiroz, jornalista

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