AEROVAG empreende decolagem inédita com mulher à frente da diretoria

A atual presidente do Aeroclube de Várzea Grande-MT é mulher: fato destacado na condução administrativa das escolas brasileiras formadoras de aviadores civis no Brasil e inédito nas entidades mato-grossenses. #### Jeito sereno, observador, porém determinado, integra-se à série de boas impressões captadas inicialmente numa conversa trivial com a professora Jorcenita Alves da Silva, 51 anos, atualmente presidindo o Aeroclube de Várzea Grande. Jorcenita é solteira, natural da “terra dos diamantes”, a acolhedora Poxoréo MT. É filha de imigrantes baianos, José Matias da Silva e Emilda Alves da Silva, ambos “in memoriam”. Seus genitores aportaram em Mato Grosso na década de 50, estabelecendo moradia inicialmente nesse município.

P – Você foi eleita presidente do aeroclube exatamente quando?

“JÔ” – Fui eleita em 14 de abril de 2019. Alguns membros foram reeleitos, e outros novos membros foram integrados à diretoria.

P – A indicação do seu nome foi surpresa ou predestinação? Afinal, você é a primeira mulher a assumir a presidência de um aeroclube em solo mato-grossense…

“JÔ” – Não, eu faço parte da Diretoria do Aeroclube de Várzea Grande desde 2011, no cargo de Diretora Social. Em 2017, assumi a vice-presidência. Eu não diria predestinada, mas, sim, preparada para cumprir a missão.

P- Você já desempenhou várias funções no aeroclube.Virou seu segundo lar, pelo que todos dizem…

“Tudo que faço é com idealismo amoroso. Seja em relação à família ou com meus afazeres profissionais. É também assim no AEROVAG”

“JÔ” – Comecei a trabalhar no aeroclube em 2008 como professora de Inglês para os cursos de Piloto Comercial, Comissário de Bordo e Mecânico de Aeronaves. Não sou piloto, gosto mais dessa parte de gerenciamento.

P – Quais são hoje suas metas principais? Algo que pensava edificar e pôde ser concluído nesse tempo inicial…

“JÔ” – Estou dando continuidade às atividades da escola, também buscando a renovação da homologação do curso de Comissário e Simulador de Voo para ministrarmos instrução por IFR (instrumento). Para que isso seja possível, estou estabelecendo parcerias com empresas privadas.

P – No início, ao assumir o cargo de presidente, você deve ter feito um levantamento técnico em geral (contábil, administrativo), a fim de se inteirar da exata situação do aeroclube…

“JÔ” – Eu diria que a situação está estável; dispomos, sim, de boa estrutura. E temos condições de alavancar novos projetos.

P – Qual é a maior dificuldade em presidir um aeroclube?

“JÔ” – Lidar com a parte burocrática é a parte mais difícil. Temos uma diretoria proativa, sempre participando e compartilhando decisões. Não existe nenhuma barreira, pelo contrário: existe uma cumplicidade entre a presidência e diretores; além, é claro, de muito respeito.

P – Em nível de Brasil, os aeroclubes estão bem ou capengas? O queixume maior está centralizado em quê? Os incentivos governamentais (subsídios ausentes) poderiam resolver percentualmente as crises que as escolas civis têm enfrentado ao longo dos anos?

“JÔ” – Infelizmente, não temos nenhum incentivo por parte dos governos. Inclusive, já pedimos redução do ICMS no combustível, objetivando melhorar o salário dos instrutores, mas foi indeferido. Protocolei um novo pedido na Casa Civil. Enfim, estou aguardando o resultado…

P – Com quantas aeronaves e de quais tipos o aeroclube dispõe hoje? O Cessna 150 utilizado pelo Aerovag é patrimônio da entidade?

“JÔ” – Atualmente, dispomos de dois aviões argentinos, os monomotores Aero-Boero 115, além de um Cessna 150, propriedade privada. Para as atividades de instrução regular, são apropriados. Tínhamos um Cap 4 “Paulistinha”, rústico treinador de aeroclubes, mas foi devolvido por falta de oficina homologada nesse tipo de aeronave em Mato Grosso.

P – O Aeroclube de Várzea Grande foi fundado quando e por quem? A escola já contava com avião quando teve os cursos práticos e teóricos homologados, bem como a autorização de funcionamento?

“JÔ” – O Aeroclube foi fundado em 1991 por João Carlos de Queiroz, mineiro de Montes Claros, Minas Gerais. É o responsável direto pela reativação e estruturação também do aeroclube de sua cidade natal, presidindo-o em dois mandatos. Lá, montou hangar, escritório, conseguiu um Cessna 150 (BKT) de doação, igualmente viabilizando a homologação dos cursos teórico, prático e de médico credenciado para o CCF.

P – E presidiu o Aeroclube de Várzea Grande inicialmente…

“JÔ” – Sim. Ele é o primeiro presidente do Aerovag , escola que já nasceu com o repasse do Aero Boero 115 pelo Departamento de Aviação Civil (atual Anac), outra vitória sua, apoiada pelo então senador Júlio Campos (foto). No Aerovag, João Carlos repetiu o trabalho feito em Montes Claros: homologação dos cursos teóricos e práticos. Ainda logrou êxito no credenciamento do médico José Sabino Monteiro Filho para realizar o CCF (Certificado de Capacidade Física –categorias Piloto Privado e Piloto Comercial) nos alunos.

P – Fale da gestão do comandante Vargas, que presidiu o aeroclube por bom tempo, e que continua integrando a diretoria. O legado dele à escola na presidência foi importante para garantir um bom trabalho administrativo aos futuros gestores da entidade?

“JÔ” – O Sr. José Jalmar Vargas foi o ícone do Aerovag. Permaneceu à frente do Aeroclube por 10 anos, e nesse período ele trouxe para o aeroclube os cursos de Comissário e Mecânico de Aeronaves.  Tive o prazer de acompanhá-lo durante um bom tempo de sua gestão. E tudo que sei sobre como gerenciar uma escola de aviadores aprendi com ele. Seu exemplo é incontável.

P – Existe mercado para pilotos civis no Brasil ou o mercado já está saturado? Em síntese: ser piloto compensa no Brasil? No exterior, existe melhor oferta para esse tipo de profissional?

“JÔ” – Hoje, o mercado da aviação no Brasil está mais competitivo, exige mais qualificação. Para ingressar nas companhias de linha aérea, por exemplo, os candidatos precisam ter proficiência linguística na língua inglesa, nível 04, e também nível superior. A aviação agrícola está sendo uma boa opção de carreira para o profissional da aviação, o mercado estrangeiro tem absorvido muitos profissionais brasileiros, especialmente o Emirados Árabes e a China.

Créditos: Aerovag

P – Quanto é preciso (hoje) desembolsar para concluir o curso de piloto privado e, na sequência, o comercial? É facultado pelas normas aviatórias vigentes que o piloto privado complemente as horas faltosas rumo ao comercial voando com profissionais de empresas de táxi-aéreo e/ou em aeronaves particulares?

“JÔ” – Para concluir os cursos de PPA – Piloto Privado e PCA – Piloto Comercial em uma escola homologada, o custo é de aproximadamente R$ 60,000,00 (sessenta mil reais). São 40 horas para o PPA e mais 110 horas para o PCA. O aluno pode agregar horas fora da escola somente em aeronaves particulares, e só poderão fazer o check da habilitação com um Inspac da ANAC, não pela escola.

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O Aeroclube de Várzea Grande, fundado em 14 de Abril de 1991, encontra-se em funcionamento na cidade de Várzea Grande – Mato Grosso.

 

 

 

 

 

 

 

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